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sábado, 4 de junho de 2011



Nós, os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele.
Na verdade, para nós, ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram essa sabedoria.
"Observa, escuta e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais, para ver como cuidam de seus filhotes.
Observa os anciões, para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quando tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.

Com vocês, brancos, é o contrário.
Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho, estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de "resolver um problema".

Talvez o silêncio seja duro demais para vocês, porque mostra um lado que não quereis ver.
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam conpulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.

Vocês gostam de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou te interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber e não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.

Deveríamos pensar nas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.

Existem muitas vozes além das nossas. Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio...

(Texto extraído de: Neither Wolf nor Dog: on Forgotten Roads with an Indian Elder - Kent Nerburn)

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